quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Estranheza...

O crânio era estranho, mas, parecia abrigar pensamentos como qualquer outro. Ora meio são, ora meio louco. Sempre estranho. Achatado.
Era peludo, quase tão quanto aquele ator. Todo ramado, os braços, o peito, as pernas, todos com pelos. Não deve ter nascido pelado. Nasceu com uma tênue penugem.
Prendia um guarda-chuva entre as pernas. Devia ter saído cedo de casa, quando ainda chovia e dormia. O guara-chuva é o grande amigão do paulistanos. Mas esse, era tão estranho quanto o dono. Seu cabo era curvo, retorcido, desforme. Era um protótipo do dono.
O rapaz se curvava todo para encostar a testa na curva do cabo do guarda-chuva. Pura flexão.
Parecia preocupado, inquieto demais para um passageiro de trêm, as 23hrs no sentido bairro. Muita flexão. Olhava irritado com o canto dos olhos para o movimento de minha caneta. Mau sabia que era ele quem inspirava tal movimento. Quanto mais ele se movia, mais eu me intrigava e escrevia. Ele era as palavras de meu texto. Olhou para mim, pegou algo embaixo da cadeira, que antes eu não havia visto. Era uma mochila. Droga! Ele triunfará! Éramos igualmente estranhos! Sua mochila, era igual a minha. Pegou o guarda-chuva, a mochila e se levantou. Estação Jurubatuba. Só então vi que suas pernas também eram tortas, estranhas. Eu triunfará. Mas, nossas mochilas eram igualmente estranhas. Chegou minha estação. Eita cidadezinha gigantemente estranha...

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